segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Quando não se sabe o que fazer.

Desceu as escadas já derribado por dentro, inundando por fora. Seus olhos de sangue ecoavam medo, dor e pavor. Acabara de ouvir da pessoa que ele mais gostara que era inútil, imprestável, e que era a razão de todos os problemas dela .A pessoa a qual quisera a vida toda orgulhar. Como um tiro perfura ferozmente e instantaneamente mata a vítima, as palavras perfuram e rasgaram sua alma e parte dele morrera naquele instante.

O silêncio lhe assombrava. A palavra monstro fora tão enfatizada, tão destacada, tão doída, mas tão doída que o resto de sentimento que lhe sobrara bailou pelos olhos, nariz e boca. Uma parte dele se perdera ali. Tudo que ele amava, tudo o que ele era, fora pisado, esquartejado.

‘Salve-me'' disse para ninguém e para toda e qualquer pessoa. ''Salve-me''.


Quando a primeira palavra-bala lhe atingiu pegou logo o celular e mandou em desespero interno uma mensagem silenciosa e gritante para a amada que lhe erradicava todas as dores. Agora, chora horrores doloridos, e espera sem boia nem tábua, no mar da solidão, a hora  que avistará os olhos, o único olhar capaz de lhe entender sem nem uma palavra. Os olhos de chocolate de sua morena. O seu cais. O barco no meio do oceano de dor. A felicidade contida nos lábios singelos e mais desejados. A morena, amada do doloroso coração inundado, porém, para efeito de sobrevivência e poesia, apaixonado.

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