segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Quando não se sabe o que fazer.

Desceu as escadas já derribado por dentro, inundando por fora. Seus olhos de sangue ecoavam medo, dor e pavor. Acabara de ouvir da pessoa que ele mais gostara que era inútil, imprestável, e que era a razão de todos os problemas dela .A pessoa a qual quisera a vida toda orgulhar. Como um tiro perfura ferozmente e instantaneamente mata a vítima, as palavras perfuram e rasgaram sua alma e parte dele morrera naquele instante.

O silêncio lhe assombrava. A palavra monstro fora tão enfatizada, tão destacada, tão doída, mas tão doída que o resto de sentimento que lhe sobrara bailou pelos olhos, nariz e boca. Uma parte dele se perdera ali. Tudo que ele amava, tudo o que ele era, fora pisado, esquartejado.

‘Salve-me'' disse para ninguém e para toda e qualquer pessoa. ''Salve-me''.


Quando a primeira palavra-bala lhe atingiu pegou logo o celular e mandou em desespero interno uma mensagem silenciosa e gritante para a amada que lhe erradicava todas as dores. Agora, chora horrores doloridos, e espera sem boia nem tábua, no mar da solidão, a hora  que avistará os olhos, o único olhar capaz de lhe entender sem nem uma palavra. Os olhos de chocolate de sua morena. O seu cais. O barco no meio do oceano de dor. A felicidade contida nos lábios singelos e mais desejados. A morena, amada do doloroso coração inundado, porém, para efeito de sobrevivência e poesia, apaixonado.

sábado, 18 de outubro de 2014

Momento.

Chega um momento em que só quero beijar-te, e nada mais importa. 

O que é compromisso nesse momento fatídico? Alegria? Tristeza? Nesse momento em que tudo pareceu parar para nós dois, só há uma coisa em que consigo me concentrar, sua boca. E eu já não mando mais nos impulsos, não mando mais em mim. 

O universo conspirou para tudo sumir quarto afora, não há mundo, não há pessoas, não há nada, apenas eu e você. E o meu alguém, o meu alguém já se perdeu na sua boca, nos seus olhos e em qualquer fagulha do som da sua voz, da sua ultima fala. 

Não me leve a mau, já segurei demais a vontade, já sufoquei demais meus desejos e sentimentos, era hora de soltar, abdicar de toda essa dor e agonia, e cair em teus braços, sentir tua pele quente e macia, provar o gosto dos teus lábios, sentir teu cheiro... e que fosse recíproco. E no embalo da conspiração, sinto tuas mãos em minha cintura, teus braços fechando-me e afinando-me, e eu já não beijava sozinha. 

O mundo realmente sumira, e o quarto agora parecia uma caixa, já não bastasse o sufoco, agora as paredes fechavam-se e tudo foi embaçando, sumindo, evaporando. 

Então meus olhos se abrem, e eu ainda de pijama, deitada, percebo que o mundo havia voltado, levando assim, tua boca, teus braços, teus olhos, tua voz, você. Assim, desse jeito tão abrupto. 

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Resenha — Princesa Adormecida




Era uma vez uma princesa... Você já deve ter ouvido essa introdução algumas vezes, nas histórias que amava quando criança. Mas essa princesa sou eu. Quer dizer, é assim que eu fiquei conhecida. Só que minha vida não é nada romântica como são os contos de fada. Muito pelo contrário. Reinos distantes? Linhagem real? Sequestro? Uma bruxa vingativa? Para mim isso tudo só existia nos livros. Meu cotidiano era normal. Tá, quase normal. Vivia com meus (superprotetores) tios, era boa aluna, tinha grandes amigas. Até que de uma hora pra outra, tudo mudou. Imagina acordar um dia e descobrir que o mundo que você achava que era real, nada mais é do que um sonho. E se todas as pessoas que você conheceu na vida simplesmente fossem uma invenção e, ao despertar, percebesse que não sabe onde mora, que nunca viu quem está do seu lado, e, especialmente, que não tem a menor ideia de onde foi parar o amor da sua vida. Se alguma vez passar por isso, saiba que você não é a única. Eu não conheço a sua história, mas a minha é mais ou menos assim...

Princesa Adormecida, da autora Paula Pimenta, faz parte de uma coleção que faz uma releitura das histórias de todas as princesas.

A história é narrada por Anna Rosa, ou Áurea Bellora, que foi criada por seus três tios superprotetores. Anna é frustrada por ser trancada as sete chaves em casa nos fins de semana, já que ela passa a semana no colégio interno.

Até que no seu aniversário de dezesseis anos, suas amigas revolvem a levar escondida para uma festa, onde muita coisa muda na vida dela. Uma história tenebrosa do seu passado volta à tona, a história diz o porquê de seus tios serem tão protetores com ela. E então, ela vai descobrir quem verdadeiramente é.

Para mim, a história foi muito bem desenvolvida para os dias atuais. A Paula conseguiu trazer todos os elementos da história (que é minha favorita) para os dias de hoje sem que ficasse sem sentido, além da história superar todas as minhas expectativas, claro.

Carolina. 

domingo, 20 de julho de 2014

Mesma data, vários anos.

Lembro-me como se fosse hoje, eu estava sentada no mesmo banco, na mesma praça, observando pessoas felizes, afundada em minha melancolia por saber que talvez eu nunca fosse ser feliz assim. 

Era uma daquelas tardes em que o sol brilhava forte, e até mesmo a gigante árvore em que eu repousava minhas costas era capaz de proteger-me dos raios solares não era capaz de me proteger dos raios solares, meus olhos brilhavam com tanta luz que aquela tarde tinha, e foi naquele mesmo dia com tantas pessoas felizes, que eu fui feliz também.

Ele era alto, loiro, mas seu cabelo parecia ter recebido um jato de graxa, pois estava um pouco escuro e eu percebi que aquela não era sua cor normal. Andava um pouco curvo, mas aquele sorriso, ah... aquele sorriso poderia pôr fim a guerra e curar o câncer, era de longe o mais belo. E ele me deu seu sorriso, assim, de graça. Sentou-se ao meu lado e como um bom cavalheiro me desejou boa tarde, e a partir desse cumprimento tão singelo, uma conversa iniciou-se. Juro por Deus que não vi as horas passarem. Juro também que só depois de muita conversa fiada, percebi que ele tinha sido o primeiro amor da minha infância. Como eu não lembrava-me? Não sei, só sei que ele lembrava. Trocamos telefones e depois de vários encontros percebi que ele ainda me amava. E era recíproco. 

Um belo dia acordei e percebi que já tinham se passado nove anos, era dia do nosso aniversário de nove anos de namoro, meu telefone tocou: era ele. Atendi tão feliz que ninguém no mundo poderia estar tão feliz assim. Mas a notícia me quebrou, ele partira. Se fora nos nossos nove anos de amor. Não quis saber como, e, até hoje, não sei.

Hoje comemoraria dez anos com ele, no mesmo banco na mesma praça e diferente do dia que o conheci, o sol não estava brilhando, hoje o céu chorava e suas lágrimas limpavam as minhas.

Victória.

terça-feira, 15 de julho de 2014

A Culpa é das Estrelas — filme

É sempre uma honra.

  Sim, depois de três semanas da estreia eu vi o romance mais comentado dos últimos dois anos, e tenho pouco a falar sobre, não me entenda mal, mas muita coisa do que eu vi quero guardar comigo. A culpa é das estrelas tem que ser sentida e não explicada.



  Eu fui três semanas depois porque queria estar com poucas pessoas na sala de cinema. Queria apenas eu, Gus e Hazel ali. Jurei que funcionaria, mas a sala estava lotada. Tão lotada que sentei no pior lugar, mas para ver esses dois vale tudo. Quando terminei o livro fiquei sem saber o que fazer. Não sabia se chorava, ria, compartilhava com o mundo ou simplesmente anotava na minha lista de livros lidos em 2013. Fiz todas as opções anteriores. Eu amei o livro, mas o filme foi uma loucura. 

  Vocês não tem noção que eu chorei do inicio ao fim. Acho que o ápice do meu choro foi quando pensei em todas as pessoas com câncer, na vida real e em como nós vivemos esperando a morte bater em nossa porta a qualquer momento. É algo forte a se falar, mas foi o que eu pensei.

  Sabe, não é justo. Augustus tinha uma vida, ele era maravilhoso, ele merecia morrer de velhice, a vida é tão injusta. A vida foi injusta com Gus. A pior forma de morrer é quando se acha que está tudo bem. Quando se passa por uma tempestade e
sobrevive, mas logo outra vem e tudo que estava bem de repente não está mais.



  Pensando na Hazel, só sinto vontade de consolar ela. Ela não tinha razões para lutar e esperava a morte sentada no sofá da sala, até o Gus aparecer na vida dela e depois ser 
arrancado como se arranca um curativo em uma ferida profunda.
 — Carolina.

Rir ou chorar, eis a questão.

  Devo começar falando que eu amei o livro, logo o filme me agradou bastante. “A culpa é das estrelas” desencadeou na minha pessoa uma série de sentimentos, alegria, tristeza, medo, raiva... Como todos sabem a história foi feita para arrancar lágrimas tanto de quem lê como de quem assisti ao filme. Mas sinceramente, Gus amenizou pacas meus soluços, toda lágrima despejada em meu rosto vinha acompanhada por uma gargalhada altamente contagiante.
   
  Gus e Hazel me divertiram tanto durante o filme que me fizeram esquecer o quanto eu ainda ia chorar e soluçar, e eles são muito malvados por isso. Durante o filme eu descobri um novo dilema para solucionar, rir ou chorar? Mesmo nos momentos clímax de tristeza do filme, Gus ou Hazel, ou qualquer outro personagem, fazia questão de soltar alguma piada, ou de fazer graça e eu agradeço muito a eles por isso.   


  
  “Alguns infinitos são maiores que outros’’, essa frase me definiu em algum momento do filme, porque além de todos os outros sentimentos ditos A Culpa é das Estrelas me fez sentir um tanto “infinita”, pelo simples fato de me mostrar que na verdade ninguém é infinito, por me mostrar que um dia todos vão morrer e ser esquecidos. E sim, eu sei que isso não faz o mínimo de sentido, mas... O que posso dizer? A culpa é das estrelas.
 Karina

A vida não é uma fábrica de realização de desejos.

  Eu imaginei mil títulos para esse texto, mas não consegui encontrar nada que me
deixasse tão embriagada nas lembranças daquele filme como esta frase. Não é uma frase que me agrade muito, mas é a única que consegue me definir neste momento tão complicado que é falar sobre A Culpa é das Estrelas.

  Hoje sei que a vida de fato não é uma fábrica de realização de desejos, na verdade eu sempre achei que soubesse, mas depois de sair daquela sala de cinema com os olhos vermelhos, inchados e encharcados de lágrimas, foi então que que eu descobri que a vida realmente não é uma fábrica de realização de desejos. Ah se fosse. Se fosse, neste momento Augustus Waters estaria vivo. Se fosse, Hazel Grace não estaria morrendo. Se fosse, eu ainda estaria sentada naquela sala de cinema soluçando de tanto chorar.

  Ah se fosse.
Victória.

Obrigada, John Green.